Sempre acreditei. E precisei de mudanças. Provavelmente mais
do que qualquer outra pessoa. Depois de muito tempo no mesmo, tenho de mudar
algo. Seja um corte de cabelo, um quadro na parede ou uma casa. Estamos de
mudanças. Precisávamos desesperadamente de mudar. Mudar de ares. Mudar de
ambiente. Mudar. Estamos com um pé e meio cá e metade ainda no outro lado. Ao
início resisti, mas sabia que era o que precisava. Agora não porque não posso,
agora não porque o miúdo vai sentir, agora não porque a porcaria do país
tirou-me do ordenado uma fatia muito grande. Agora não, porque estava armada em
parva. Mas ele insistiu. Era a nossa cara. Tinha de ser nossa. Na Vida, tudo o
que tem de ser nosso vem parar mais cedo ou mais tarde às nossas mãos. Cabe
então a nós receber ou não o que ela nos dá. E se aceitarmos, temos de
arregaçar as mangas e colocar mãos à obra. O nosso destino a nós pertence e
todas as escolhas que fazemos levam-nos a um final que está +/- predefinido
para nós. Acredito que mediante as nossas escolhas, encontraremos mais ou menos
pedras no caminho, e no final construiremos um grande castelo ou apenas uma
casinha modesta. E nós precisávamos de mudar. Estamos de mudanças. Exteriores e
interiores. Vamos trilhar um caminho menos árduo (assim espero) e começar de
novo. Vamos mudar. Desta vez a três. Numa casa completamente diferente. Na
cidade (viva a civilização). Perto do mar. Na casa que é a nossa cara. Vamos
mudar. Já estamos de mudanças. Vamos ser muito felizes. Assim queira a nosso
destino.