É engraçado, quando pensas que nada na Vida te pode surpeender ao ponto de te tirarem o chão, o teu mundo é agitado e as poucas folhas de inverno que restam nas árvores caiem.
Pensas que numa situação reages, mas perante ela, ficas imóvil. O cérebro bloqueia e não consegues pensar em nada. As pernas tremem, mas a expressão mantém-se. Cerras os lábios, engoles a raiva e seguras as lágrimas.
Eco, apenas isso estala na tua cabeça. Não acreditas no que te aconteceu. Sacodes a cabeça, dizes: acorda e respiras fundo. É aí que tens consciência que as folhas caíram mesmo, que por muito que se faça ou tente, o inveitável aconteceu.
Mudas a rota, isolas-te e finalmente sozinha, choras as lágrimas engolidas pela raiva, pela dor. Choras por ti, pelos teus, pelo que aconteceu. Inspiras de novo, decides que uma decisão urgente e definitiva tem de ser tomada mas, estás exausta. O corpo não responde aos movimentos e o cérebro está parado, lá, no momento. Pensas apenas que tens de fazer alguma coisa, é urgente. Mas estás cansada, doiem os músculos e o cérebro estala. Dormes. Tão profundamente que pensavas impossível acontecer. Como se ao dormir assim, apagasse tudo. As folhas voltassem a dançar e a baloiçar ao sabor do vento, mas lá, na copa das árvores.
Acordas. O corpo continua a doer mas, és obrigada a pôr o cérebro a funcionar. As lágrimas secaram. Engoles em seco e pensas que é Segunda-feira. 26 Janeiro 2015. Mais uma semana a começar. Mas tens de mudar. Mudar tudo. Tu. O que te rodeia. E consequentemente os outros. Aqui não entra o medo, a insegurança. Estão proibidos de entrar. É tempo de arregaçar as mandas e partir para outra.