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Voz Interior(A João de Deus)
Embebido n'um sonho doloroso,
Que atravessam fantásticos clarões,
Tropeçando n'um povo de visões,
Se agita meu pensar tumultuoso...
Com um bramir de mar tempestuoso
Que até aos céus arroja os seus cachões,
Através d'uma luz de exalações,
Rodeia-me o Universo monstruoso...
Um ai sem termo, um trágico gemido
Ecoa sem cessar ao meu ouvido,
Com horrível, monótono vaivém...
Só no meu coração, que sondo e meço,
Não sei que voz, que eu mesmo desconheço,
Em segredo protesta e afirma o Bem!
Antero de Quental, in "Sonetos"Boa Quarta-feira!
5 comentários:
;)
Fantástico. Adoro.
Bom dia, alegria.
Bonita homenagem! Bjo
Não conhecia o poema, que vergonha, vou ali pintar-me de preto e já volto. Mas gostei tanto, tanto, que já fui procurar mais para ler.
Beijinhos
Um poeta sonhador que ousou defender o socialismo antes de tempo.
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