É impressão minha ou as pessoas andam meio tolas e o que antes era desprezado agora é o must?
Passo a exemplos práticos:
Antigamente comprávamos figos aos quilos, ninguém queria. Era do pobre.
As castanhas piladas, ninguém queria. Era de pobre.
Os caracóis eram nojentos, ninguém queria. Era de pobre.
As entremeadas tinham imensa gordura, ninguém queria. Era de pobre.
As alpergatas? Sapatos de pano, tinham algum jeito? Eram de corda, ninguém queria. Era de pobre. (certo M.?)
Os tremoços? Era para quem não tinha dinheiro para camarão, ninguém queria. Era de pobre.
Os filhos educavam-se explicando as coisas. Falando e
dizendo o que era certo ou errado. Levávamos uma chinelada se fosse preciso: se
faltássemos ao respeito à vizinha zarolha ou à parva da professora que foi
substituir a nossa por estar doente.
Uma palmada no rabo, nunca matou ninguém e educou muita
boa gente.
Agora? Ai credo que repreender e dar uma palmada é violência e cuidado com a vizinha cusca, porque se vê faz queixa à protecção de menores.
Isto de dar um palma é de Pobre.
Agora dão-se workshops para dizer como se devem ensinar os
meninos. Que temos de lhes explicar as coisas, dar exemplos práticos e ter
muiiiiiiiiiita paciência. ´
Mas esperem lá, o que me está aqui a escapar? Não é assim
que tem de ser? Que eu saiba uma criança não nasce ensinada, nem vem
programada, como se fosse um robot.
E sim meus senhores, para educar uma criança é preciso
quilos de paciência e explicar-lhe as coisas como se fossem muito burros, veram
que assim elas só perguntam as coisas uma vez e ganham o conhecimento mais
depressa que imaginam.
Um filho não se compra como se fosse caviar, os figos
comem-se pela manhã em jejum, as castanhas piladas põem-se dentro de uma panela
fechada e sem luz para amolecer, os caracóis apanham-se na erva pela fresquinha,
as entremeadas sabem bem dentro de uma carcaça, as alpergatas são optimas para
levar para a praia e existem em diversas cores e na Seaside, os tremoços são
optimos a servir de entrada e já experimentaram temperá-los com alho e coentros?
Pois é minha gente, lamento desiludir-vos mas nem tudo é
gourmet.
7 comentários:
Bravo!
Bravíssima!
Muito bem escrito, Tanita.
Essa dos tremoços (adoro-os com bastante sal grosso)com alho e coentros nunca tinha ouvido. é gourmet, não!? ;)
Olha outra coisa que era de pobre (e era uma a dividir por três) eram as sardinhas. agora são um must!
Beijinhos
Excelente fds
Ahahah certo, certo, T! Excepto aquela parte dos caracóis, que a mim ninguém que me fez até hoje provar nenhum (ai que impressão, só de pensar naquilo entre os dentes e a escorregar garganta abaixo...) mas adiante. Quanto às crianças T, sei do que falas, sei como fui ensinada, como falávamos em casa com o B, vi-te com o Manel e sim, é assim que deve ser. Algumas pessoas têm esse bom senso inato, porque lhes vem de casa ou porque percebem assim as coisas Outras, não. Hoje em dia penso que por falta de tempo, conhecimento ou sensibilidade os adultos não têm em conta as verdadeiras necessidades das crianças e embora oiça muitas vezes teorias sobre como educá-las e pense "A sério que é preciso falar disto?" concluo que sim, infelizmente é preciso porque muita gente não faz ideia.
Beijo grande
(Lamento se foi alguma gralha no texto mas troquei-me, estou podre de sono e não me apetece revê-lo!)
Levei muita chinelada, comi e como muito tremoço e caracois! E não quero ser gourmet!
Pois é!!! Os ricos estão a ficar pobres e a gostar de coisa de pobre!!!
Adoro caracóis!!! E a a minha mana há muitos anos que tempera os tremoços com alho e ervas e até põe um bocadinho de pimenta!!!
Excelente reflexão e excelente texto, Tanita! Subscrevo, na íntegra!
concordo exactamente!...com tudo.
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