setembro 05, 2014

Leonor


Andei a adiar este post desde o dia que a Nonô partiu.

Não por ela que, ensinou tanto com tão pouca idade. A força, coragem e aquele sorriso sempre no rosto.
Mas por mim, por ser egoísta e só pensar nos meus. Como se não falando do assunto ele nunca cá chegue. Longe, longe dos meus. Penso: Vida protege os meus meninos, sempre.

Tenho a certeza que a mãe da Nonô fez o mesmo, todos os dias, sempre. E a Vida traíu-a. Roubou-lhe um bocado dela e deixou-a à mercê da dor. E como se volta a confiar na Vida? Como se volta a acreditar?

Espero que a Vida nunca me faça uma destas. E digo-o baixinho para que não me oiça, para que se esqueça de mim.
Sou egoísta, porque penso nos meus meninos e peço para os proteger, que os afaste de qualquer mal. E os filhos dos outros? Quem os protege?

Queria que nenhuma mãe/pai tivesse de passar por tamanha provação. É anti-natura, desleal. Uma mãe nunca, nunca, mas nunca devia ver um filho partir.

À(s) mãe (s) da(s) Nonô que por aí andam, só desejo que consigam voltar a sorrir, sempre e que consigam perdoar a Vida, porque não sendo eu crente, nem acreditando em Deus, acho que não andamos cá sem nenhum objectivo e por isso, que a missão dessas mães seja para elas a salvação e o crédito que dão à própria (des)Vida.



ps- agora sem saber passei pelo sitio onde te estão a dizer o último adeus, cheguei a casa com um nó na garganta e a fome que tinha por não ter almoçado foi-se. Imensa gente vestida de cor-de-rosa, balões na entrada da porta... como se pode dizer que um velório é bonito?? como? descansa em paz pequena Leonor. (post actualizado às 15.58h)