fevereiro 10, 2012

Dia 11 - Where you sleep



fotografia: arquivo pessoal - 11-Fevereiro-2011

Dia 11 do desafio da ART.SOUL. 


Where you sleep - Aqui é onde durmo e ganho energias para o dia seguinte. E não me posso queixar da vista. Adoro acordar e ficar a ver o sol a entrar pelas janelas...

Dia 10 - Childhood


Childhood - Quando penso na minha infância, lembro-me que fui uma menina feliz. Com tudo o que poderia ter. Penso eu. Até a adolescência não tenho queixas. Brinquei imenso, fui acarinhada e era bem comportada. Até demais.
Sou a última de 4 e tenho diferenças de idades enormes para os meus imãos. 20,19 e 11 para ser mais concreta.
Sempre tive tudo, talvez até demais. Mimada? Sim consideravelmente, mas sempre fui muito responsável.

A fotografia que gosto mais de mim é esta, a qual já aqui publiquei uma vez. Nariz empinado? ainda hoje o tenho :)

Mas ao pensar no que mais me marcou foi sem dúvida os 2 anos do ciclo preparatório.
Ainda fazem parte do meu ciclo de amigos, algumas das pessoas que conheci nas turmas de Turmas de 5º e 6º ano.
Ah, andar no ciclo? A mochila que se passou a usar apenas com uma alça no ombro. O horário de crescidos com imenso que fazer, as novas regras, mais do que um professor e as descobertas. Os primeiros amores, o bate-pé atrás do pavilhão, o jogo do elástico e os berlindes. Rebentávamos pacotes de leite na mala uns dos outros, colocavamos pioneses na cadeiras das professoras. E a de inglês? Aqueles óculos à abelha e a embirração pelo Mário? Estava as aulas todas de castigo, de pé e virado para a parede, de costas enfim, tudo menos pedagógico, se fosse hoje, no minimo os pais dele em vez de diserem à professora para lhe puxar as orelas, faziam uma queixa ao ME.

E na escola onde andava quando chovia muito, aquilo mais parecia um lago. Não há palavras que descrevam as minhas memórias. Miúdos a nadar como se estivessem numa piscina, tamanho era a altura que a água inundava aquela escola.

E os escudos? Todos para gastar no velho. O senhor dos doces, que vinham de espanha e faziam mal aos dentes? Os doces que escolhiamos um a um, dentro da Piaggio velha e a cheirar a mofo? ASAE? O que é isso? As pastilhas de alcatrão, os dedos, os rebuçados de vampiro que nos deixavam a lingua encarnada e as petazetas? Eram as minhas favoritas.
 Depois havia o desporto. Gratuito. Para novos e velhos. O que interessava era mexer o corpo. Crianças em casa? só se estivéssemos muito doentes. O mote era sujar, andar na rua, correr, e apanhar sol, chuva e vento na cara.
Havia ginástica no campo de futebol de areia amarela, mesmo junto a casa dos meus pais. Íamos todos. Toalha de praia para pôr no chão. Novos e velhos. Estica, encolhe, corre, salta.
Aos fins-de-semana haviam jogos de futebol femininos e masculinos, atletismo e bicicleta.
Havia uma comunidade, a entre ajuda, os vizinhos que eram mais que uma família.
As fotografias da praxe, as medalhas e os gelados de gelo e pudim que a tia Alzira nos dava.

 Quando nos portávamos muito bem, havia sempre uma alma bondosa que nos pagava a rodada dos gelados da Olá. De gelo não! que faz mal à garganta.
E os bailaricos para festejar tudo e alguma coisa? as passagens de ano memoráveis?

E assim se passavam os dias entre os amigos do bairro, os amigos da escola e as novas conquistas.

Ainda hoje se mantém um núcleo do pessoal do bairro, até temos uma página no facebook. Muitos deles moram ainda em Setúbal e perto do sitio onde tão felizes crescemos. Muitos moram até mesmo no bairro. Eu tenho pena de estar longe...

Os amigos do ciclo? ah estes também são para a vida e amanhã vamos estar com uns deles.

E da minha infância, havia tanto para contar.

Hoje preocupo-me com o futuro das crianças e adolescentes, se a tecnologia nos veio ajudar em muitas coisas, também torna escravos os miúdos que não saem de casa e ficam a jogar PES e outros que tais.
Se há violência e insegurança para as crianças saírem à rua e conviverem? então criem soluções. Regras, horas para jogar pc ou ir à internet e fins-de-semana de sol para actividades ao ar livre.
Assim quero que o meu filho cresça, não muito longe daquilo que eu vivi.

Bom dia Alegria!

fotografia: arquivo pessoal - Fevereiro 2012 - Escultura Carlos Ramos

Crescer como pessoas é possível com tão pouco. Dar um sorriso, dizer bom dia, encarar o dia de hoje com optimisto. Gestos simples que nos fazem sentir melhor e crescer interiormente, ficando tão grandes que conseguimos abraçar o céu.

Boa Sexta-Feira!