março 11, 2015

“Os filhos dos outros, educamos nós bem”

Acho muita piada a este novo conceito de educar os filhos e  de que  todos agora falam: Disciplina Positiva.

Gostava de saber quais são os pais que não gostavam que tudo corresse bem durante o dia. Onde não houvesse birras, bate o pé, choraminguice por tudo e por nada, onde a paciência abundasse tanto como amor que sentimos pelos nossos filhos.

Ah e tal fez uma birra no supermercado, mas a culpa é dos pais, porque que pais conscientes levam os filhos para sítios desses? Bem, digo eu que não entendo nada da matéria, mas apenas pela experiência que tenho como mãe: talvez sejam os pais mais comuns de todos, aqueles que trabalham e estão fora de casa no mínimo 9h por dia, que vão buscar os putos à escola e que pelo caminho têm de ir comprar mantimentos porque as criancinhas precisam de comer. 

Sim, estes pais horríveis que não têm empregada,  sopeira e babá para tratar dos anjinhos:  que lhes vão buscar à escola, lhes dão banho, fazem o jantar e dão de comer aos meninos, brincam com eles e ainda os põe na cama, para que quando os papás cheguem a casa, não hajam birras porque não querem ir embora do colégio, não querem ir tomar banho, não querem jantar e muito menos dormir, quanto mais irem enfiar-se num supermercado cheio de gente e barulho às 19h.

Às vezes leio coisas que me fazem rir na internet. Seja em blogues que até gosto de seguir (cada vez menos confesso), seja em círculos de FB onde não sei como lá estou metida. Leio, porque apesar de tudo ainda há algum conteúdo interessante e as horas no meu trabalho nem sempre são produtiva, confesso. Às vezes apetece-me ir embora, mas como não o posso fazer fisicamente perco o meu tempo nisto.

Bem, estava eu a dizer que me dá vontade de rir. Sim, daquelas mães arrumadinhas que já em tempos falei  aqui. Daquelas mães que apavoradas perguntam como limpar a banheira para poder dar banho ao bebé e de como lidar com uma birra. Gosto ainda mais das respostas: detergente neutro, sabão e água a ferver ou abrir muito os olhos para os assustar, porque uma palmada nunca porque não se educa assim.

No meu tempo e ainda não sou muito carcaça, ai de mim se ousasse levantar um dedo aos meus pais, amigos deles ou fosse mal educada na rua. Ai de mim se não desse um beijinho aos amigos dos meus pais, pois era coisa de gente mal educada.

Agora até se proíbe os miúdos de beijar, porque os germes e tal. Bem, eu não peço aos meus para beijar as pessoas que não conhecem nem que andam a passear na rua. Eles lavam as mãos e eu lavo-lhe a cara e dou banho todos os dias. 

Mas, pergunto eu: que miúdos são estes no futuro? Miúdos que nunca foram contrariados, que nunca foram ao supermercado, que são criados pelas empregadas e que não dão beijos. Onde estão os afectos, a educação pela via da realidade, do respeito mutuo e do aprender a respeitar? Onde está o contacto físico que é tão necessário ao desenvolvimento do ser humano?

Parece que eu não sei mesmo nada.

E como diz um tio meu e sempre em lembro dele em muitas horas críticas:

"Os filhos dos outros, educamos nós bem"

7 comentários:

Blog da Maggie disse...

Estou contigo Tanita.

Bjos

Unknown disse...

Concordo contigo na maior parte do que dizes. Eu sou uma mãe absolutamente comum, cheia de defeitos e que nem sempre tenho toda a paciência do mundo. Sim e também vou ao supermercado e levo com birras. Esta coisa do coaching da parentalidade e da parentalidade positiva é muito bonita na teoria. Só não obrigo a minha Marta a dar beijos a desconhecidos. E não, não é por causa dos germes, é porque ela não gosta e porque ela só beija aqueles de quem realmente gosta. Não a posso obrigar a praticar um gesto que para ela é de mimo e ternura com um perfeito desconhecido.

Naná disse...

Posso assinar em baixo?!

Tanita disse...

Timtim Tim,

não é desconhecidos, peço para dar beijo aos que conhecemos. Bolas também não ando a dar beijos a pessoas que passam na rua!

sandra disse...

O meu filho fica fulo quando digo não te esqueças de dar um beijo á tia celeste, mas dá e tem de ser faz parte da educação depois podem crescer e tornarem-se diferentes mas a base está lá eu tento fazer o meu melhor, isso da
parentalidade positiva aposto que só a consegue fazer esses pais que têm empregada para tudo porque nos que levamos com birras ,cansaço ,falta de paciência miúdos completamente elétrico por vezes, passamo-nos ,gritamos damos uma palmada porque isto é mesmo assim e não é por isso que vão ficar traumatizados mas sim pela falta de afeto de atenção e de carinho essa parte não falho a outra tenho imensas falhas não sou mãe perfeita,bjinhos Tanita.
Adorei o post!!

V. disse...

Acho que muitos (adultos) esperam que as crianças se portem como mini-adultos e depois ficam frustrados (não foram eles próprios contrariados na infância portanto). As crianças fazem birras, riem alto, correm... faz parte, resta-nos saber perceber como lidar com cada feitio em particular porque nem todas respondem da mesma maneira. E esta nova moda de dizer que não se gosta de crianças porque "ah e tal" fazem barulho e incomodam, enfim... faz-me perceber que a infância ainda é muito desprotegida, como se não fosse uma fase normal.

Classe Cappuccino disse...

Esta frase é mesmo certeira!